terça-feira, 15 de março de 2011

- O noivado do meu melhor amigo.

Tic tac tic tac, e os ponteiros no relógio vão andando cada vez mais rápido, o tempo é algo muito curto para os ansiosos assim como eu. Meu coração estava disparado, sentia algo parecido com uma angústia misturada com saudade, saudade decorrente de quatro anos de ausência. Faltavam apenas 12 minutos para as 20horas, 12 minutos para o mais célebre dos reencontros... Iria encontrar o Eduardo, meu melhor amigo, meu irmão de mães separadas.
Comecei a estralar os dedos, coisas que eu geralmente faço quando estou nervosa e principalmente ouvir a campainha tocar mesmo no silêncio mais absoluto, digamos que a minha cabeça funciona de mais quando estou nesse estado, chega até ser engraçado. Vestido preto, salto alto, cabelo solto, olhos bem marcados e batom vermelho, eu estava me sentindo linda (coisa que quase nunca acho de mim) fixei meus olhos no relógio e nada dele chegar...
Hora exata, e o canto do pintassilgo indicava que o Eduardo estava atrasado (como de costume). Desde que nos conhecemos ele sempre me deixava esperando por uns longos 10 minutos que pareciam uma eternidade, e como odeio atrasos acabávamos discutindo por mais 10 minutos, isso indicava o nosso atraso em conjunto que variava de 20 a 30 min, mas isso não vem ao caso... Eu ainda tinha esperança de que ele chegaria no horário marcado, mas me equivoquei, esperava que assim como eu, ele gostaria de compensar logo esse tempo perdido.
15 min de atraso já é muita coisa (ao menos pra mim), peguei o celular e comecei a ligar pra ele feito uma loca, daquelas em estado gravíssimo de descontrole e nada do desgraçado, filho da mãe atender aquela merda. Naquele exato momento eu pensei “Eu te mato Eduardo Pinheiro”, juro que a minha vontade era ir à casa dele, mas não me rebaixei a esse estado. Resolvi aguentar mais uns minutos antes de estourar de raiva, acho que ao todo foram umas 30 ligações feitas, mas nenhuma atendida.
Meu stress se transformou em decepção, me senti uma inútil e sem valor e ainda tive que suportar a risada irônica da minha irmã tirando com a minha cara, e gritando pra todos ouvirem que eu tinha levado o maior Bolo da minha vida (não tiro a razão dela, foi bem isso que aconteceu). Percebi que não teria companhia pra sair tomar meu drink de abacaxi com champanhe e nem comer queijo provolone, me arrumei à toa, pra encontrar uma pessoa querida que não deu valor nenhum a nossa amizade, o estágio da depressão se instalou em mim e a única coisa que me conforta quando estou assim é um belo e gigante sorvete de pistache.
Tirei a maquiagem, o salto alto, o vestido; coloquei roupas folgadas e meu all star desbotado, sai de casa e fui à sorveteria, lá eu sabia que iria ficar melhor. No caminho encontrei várias pessoas conhecidas, mas nenhuma delas me fez ao menos deixar de lado o ocorrido. Entrei na sorveteria encontrei uma amiga que há muito tempo não a via, ela veio ao meu encontro com brilho nos olhos, com todos os gestos de carinho (coisa que eu esperava ter acontecido com o Eduado), sentamos juntas e saboreamos o melhor sorvete do mundo, dentre tantos assuntos nostálgicos desencadeamos nas histórias do presente, que nos levaram a falar do Edudz (como chamamos o Eduardo de forma carinhosa), foi até que ela disse que ele tinha ficado noivo.
Fiquei muda, sem reação, o sorvete começou a derreter e meus olhos ficaram imóveis, fixados na expressão da Lizze me contando aquela notícia desastrosa. Do nada eu comecei a rir, aquela gargalhada bem nada a ver com a situação e ainda disse que aquela tinha sido a melhor piada de todos os tempos. Ela sorriu, pude perceber que por detrás daquele sorriso amarelado continha uma realidade ainda não conhecida, foi assim que caiu a fixa e deparei-me com a verdade segundo a versão dela.
Paralisei novamente, dessa vez senti minhas pernas tremerem e uma leve lágrima escorreu pela minha face. Ter ido à sorveteria não me trouxe um pingo de felicidade, apenas mais angústia. Eu só esperava que como sendo a “melhor amiga”, ele contaria sobre o tal noivado e não me deixaria esperando feito uma idiota. Fui pra casa aborrecida só de pensar que ele casaria com uma qualquer que eu nem ao menos conhecia...
Dia seguinte, acordei com um feixe de luz batendo em meus olhos e aquela dor de cabeça terrível, passei o dia calada e todos estranharam, mas não ousaram dizer uma palavra. Passado algum tempo a campainha de casa tocou, fui abrir a porta, era ele...
Milhões de coisas se passaram em minha mente, mal abri a porta já fui recepcionada com um abraço (aqueles de alívio), e um sussurro no ouvindo dizendo desculpas. Como de costume, novamente fiquei sem reação. Abri um sorriso, e dei-lhe um tapa no rosto e descarreguei um turbilhão de palavras (acho que ele até esperava por isso).
Ele ouviu atenciosamente cada palavra, seu único movimento feito foi o simples sorriso de canto, fazendo a covinha na bochecha aparecer claramente. Após um longo tempo ele me calou, sua mão veio de encontro à minha boca juntamente com as palavras Cale-se. Minha boca foi descoberta, uma caixa foi tirada do bolso, um anel no meu dedo foi colocado e um beijo na minha boca selado. 

4 comentários:

  1. ameeeeei *-* eu sei quem sao os personagens ..

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  2. noossa lindo ! amei ² *----*

    parabéns !

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  3. Owwnn... fiquei até sem palavras. Muito massa, Dificil ver um romance tão belo e tão curto hoje em dia, tão bem escrito e tal... Muito Legal Prih xD

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