sexta-feira, 3 de setembro de 2010

- Aborto de poesias ácidas

   Eu não escrevo as mais doces e belas palavras que muitos gostam de ler. Não exponho os sentimentos, principalmente o amor, (esse que acho que não possuo). Afinal, dentro de mim não há um coração para bombear o sangue, mas sim um relógio que faz a vida escoar pelas areias do tempo sem se peocupar com gostos, atos e gestos de outrém.
   Preocupo-me em descrever nos mínimos detalhes as minhas armaguras, os momentos de solidão constantes, que se tornam meus maiores prazeres.
   Escrevo aquelas palavras obsuras, as poesias ácidas censuradas pelos homens e mulheres que buscam se expressar na beleza e esquecem o momento permanente das trevas em que vivem. Posso dizer que admiro a tragédia e a vingança, essas, que são vistas como total repugnação. Me impressiono fácil em deparar com pessoas que pensam assim como eu (mesmo sendo poucas) e me conforta em saber que não sou a única que defende esse modo triste e frio de enxergar a vida.
   E as divagações que faço se perdem na imansidão das palavras insanas. Enquanto pra outros se acumulam sonhos, planos e desejos (que podem nunca ser realizados). Fica permanentemente assim, palavras rabiscadas com intuito apenas de expressar a monotonia constante de um ser vegetativo, assim como eu. Um aborto de poesias presas nas gavetas podres e quase despedaçadas com desenhos de nanquim.

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